Conferências MATLIT: Ana Marques e Diogo Marques

No próximo dia 8 de março de 2019, pelas 14h30, na Sala Ferreira Lima (6º piso, FLUC), terão lugar duas conferências da série MATLIT. As Conferências MATLIT pretendem dar a conhecer a investigação levada a cabo no âmbito do Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura, em particular através de uma apresentação pública dos contributos originais para o conhecimento das teses de doutoramento em Materialidades da Literatura recém-concluídas. A construção de objetos teóricos e de abordagens metodológicas centradas nos processos mediais e intermediais de inscrição literária poderá assim ser conhecida também através da produção de teses do próprio Programa.
Ana Marques (doutorada em Materialidades da Literatura pela Universidade de Coimbra em setembro de 2018) fará a conferência intitulada «Poemáquinas». Diogo Marques (doutorado em Materialidades da Literatura pela Universidade de Coimbra em setembro de 2018) fará a conferência intitulada «Um Simples Toque de Midas: Sagrado, Háptico e Tecnológico».
Poemáquinas
Esta apresentação pretende explorar o conceito de literatura generativa, identificando diferentes poéticas na geração algorítmica de textos literários. A partir do contraste entre três experiências com a programação de textos poéticos, considerar-se-á as relações entre linguagem e computação, o texto como sistema comunicativo, e as relações humano-máquina. Discutir-e-á ainda as implicações dos processos de automação da produção linguística na literatura, considerando o modo como reconfiguram a textualidade, a autoria e a leitura, e procurando responder à questão do valor literário da poesia gerada automaticamente.Ana Marques tem ziguezagueado entre diversas ocupações e interesses. Dedicou-se ao teatro, às artes plásticas e à agricultura, e trabalhou como jornalista, programadora cultural e professora. Em 2018 concluiu o seu doutoramento em Materialidades da Literatura pela Faculdade de Letras da Unversidade de Coimbra com uma tese intitulada “Literatura e Cibernética”, dedicada ao estudo dos efeitos da automação da linguagem em textos poéticos.
Um Simples Toque de Midas: Sagrado, Háptico e Tecnológico
Do aumento significativo, nas últimas décadas, de novos movimentos religiosos a Ocidente, não se encontra alheia a evolução da tecnologia digital. Nomeadamente, com a noção de cibersagrado que, numa justaposição de factos e valores, dá contuinuidade a uma corrente positivista, ao mesmo tempo que repreresenta um novo misticismo (mais culto do que propriamente oculto). Nesse jogo entre virtual e (f)actual que o digital renova damo-nos conta, por exemplo, de uma crescente fetichização do tacto, enquanto forma supostamente não mediada de atingir o conhecimento, no contacto “directo” com determinada interface (regra geral, o ecrã). Perante uma busca crescente de graus cada vez mais elevados de tangibilidade, presença e intimidade por parte da indústria tecnológica digital, o que significa este aparente “toque de Midas”, em que tudo parece estar ao alcance de um simples toque (ou clique)? Lembrando um termo recorrente nos (últimos) discursos de Steve Jobs, que espécie de “magia” é essa que nos faz adorar, como a um totem, estes frios aparelhos feitos de vidro e alumínio, e paradoxalmente capazes de proporcionar uma sensação de “conforto” enquanto os seguramos?Diogo Marques
Natural de Torres Vedras (1982-). Criador experimental e co-fundador do colectivo de artistas wr3ad1ng-d1g1t5 [wreading-digits.com], Diogo Marques (re)vê-se na mesma proporção como investigador criativo (Doutoramento em 2018, Materialidades da Literatura, pela Universidade de Coimbra). É actualmente bolseiro de investigação pela Universidade Fernando Pessoa (Porto), onde tem vindo a desenvolver trabalho sobre investigação criativa, com particular incidência nas (im)possíveis pontes entre arte(s), ciência(s) e tecnologia(s). O seu percurso académico e artístico inclui ainda (co)curadoria de exposições de Arte e Literatura Digital, bem como traduções de ficção interactiva digital para língua portuguesa. É membro do Centro de Literatura Portuguesa, da Electronic Literature Organization e da Artech International Association. Procura-se com frequência na “arte real” da alquimia e encontra-se amiúde na “ciência oculta” do tarot (de Marselha). Pelo meio, também gosta de conversar com máquinas. Daí considerar que será sempre mais Tolo, do que propriamente Sábio ou Artista. Em suma: é um, entre vários.