Doutoramento Nº 23 | Materialidades da Literatura

Realizam-se no próximo dia 8 de abril de 2024, pelas 14h30, na Sala José Anastácio da Cunha (Departamento de Matemática), as provas de doutoramento em Materialidades da Literatura de Fabiana dos Santos Sousa, candidata da sétima edição do Programa, que teve início em 2016-2017. A candidata apresenta a tese «A representação material da violência contra as mulheres negras na obra de Conceição Evaristo» (2023), orientada por Isabel Caldeira (Universidade de Coimbra) e Manuel Portela (Universidade de Coimbra). 

O júri, nomeado por despacho reitoral de 22 de janeiro de 2024, tem a seguinte constituição:

Presidente:

Paula Barata Dias (Professora Auxiliar, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)

Vogais:

Simone Pereira Schmidt (Professora Titular, Universidade Federal de Santa Catarina)

Elio Ferreira de Souza (Professor Associado, Universidade Estadual do Piauí)

Emerson da Cruz Inácio (Professor Associado, Universidade de São Paulo)

Maria Isabel Caldeira (Professora Associada jubilada, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)

Catarina Martins (Professora Associada com Agregação, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)

Esta tese – a vigésima terceira do Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura – integra-se na linha de investigação dedicada ao estudo das formas, práticas e processos literários como sistema de inscrições de base tecnológica e medial (Ex Machina: Inscrição e Literatura, subtema “Ex Machina: escrita e inscrição”). Fabiana Sousa investiga processos discursivos utilizados para construir a representação material da violência – de género, raça e classe – sofrida pelas mulheres afro-brasileiras na obra de Conceição Evaristo.

Resumo [excerto]

Este trabalho propõe-se estudar a obra de Conceição Evaristo, pretendendo elucidar os processos discursivos utilizados para construir a representação material da violência – de género, raça e classe -, sofrida pelas mulheres afro-brasileiras quotidianamente. Como enquadramento desse estudo, são analisados os conceitos de literatura periférica e afro-brasileira e é problematizado o conceito de raça, uma vez que a investigação me permitiu compreender que, a pele de quem escreve, em muito influencia o reconhecimento de uma obra, como sendo literária ou não. […] O estudo da obra de Conceição Evaristo revela esta interseccionalidade e mostra, ainda, de que modo a “escrevivência” – conceito definidor da sua escrita e proposto por ela mesma – se constituiu enquanto prática de materialização da memória e da violência. Para o comprovar, analisam-se as formas discursivas da “escrevivência”, com destaque para a oralidade, apontando-as como estratégia de “linguajamento” desobediente para a dessubalternização.