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Estado da Arte: Tópicos de Investigação em Materialidades da Literatura 4

Publicado em: Estado da Arte: Tópicos de Investigação em Materialidades da Literatura 4

Realizou-se no passado dia 19 de janeiro de 2024, na Sala ILLP (7º piso, FLUC), o colóquio “Estado da Arte: Tópicos de Investigação em Materialidades da Literatura 4”. Esta foi a 22ª edição deste encontro semestral do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, que se realiza desde 2013. Concebido para apresentação e discussão do trabalho em curso nos diferentes projetos de doutoramento, desde 2022 o Estado da Arte passou a ter a forma de um colóquio aberto à comunidade académica. Além de estudantes do DML, este “Estado da Arte” contou com a participação de dois estudantes internacionais (Universidade Estadual de Campinas; Universidade Federal Fluminense).

Painel 1 (10:00-11:30)

Moderador: Diego Giménez (CLP)

Elena Soressi

O (re)conhecimento da Dama que Bate Bué

No romance Essa Dama Bate Bué a protagonista, Vitória, começa uma viagem para o país no qual nasceu mas não cresceu: Angola. A errância da protagonista, de Portugal até Angola, por Luanda e, finalmente, de Luanda para o Huambo, é um percurso de conhecimento da própria Vitória, da sua mãe e da sua terra natal, inicialmente estranha e pouco familiar. A evocação das memórias dos contos familiares sobre Angola, que Vitória ouvira no passado, é contrabalançada pelo conhecimento dos lugares visitados e dos personagens encontrados. Descrições detalhadas de ruas e prédios alternam-se a relatos pormenorizados de expressões faciais e movimentos corporais de mulheres e homens. O que conecta os mais diversos espaços da cidade é o som, composto por música e barulhos. Luanda deixa de ser o lugar contado do início da revolta urbana e mostra-se como a Dama que Bate Bué, que dança e move-se ao ritmo da sua música e das suas contradições.

Palavras-chave: Luanda, espaço urbano, Essa Dama Bate Bué

Nota biográfica

Licenciou-se em Línguas e Literaturas Estrangeiras e é mestre em Línguas e Literaturas Europeias e Extra-europeias pela Università degli Studi de Milão. À formação em literaturas de língua inglesa e portuguesa seguiu-se uma pós-graduação em Marketing, Comunicação e Made in Italy. O percurso formativo foi acompanhado pelo voluntariado na área de formação para jovens e adolescentes. Atualmente é estudante do Doutoramento em Materialidades da Literatura da Universidade de Coimbra, formadora de italiano L2 e tradutora na ASCIPDA (Associazione Socio-Culturale Italiana del Portogallo Dante Alighieri).

Leila Coroa

Max Martins: Autobiografia da poesia

Estudo do livro 60/35, de 1986, do poeta brasileiro Max Martins. Na sua obra poética publicada em vida (de O estranho, de 1952, a Colmando a lacuna, de 2001), 60/35 é o livro em que o aspecto da autobiografia se especializa e adquire a forma de um procedimento, de maneira específica, a partir do recurso ao arquivo fotográfico e diarístico. Da sua obra em geral, o repertório de temas e tensões inventariados nesse livro sugere a passagem do tempo de vida e de poesia (sessenta anos de idade do poeta e trinta e cinco anos desde o seu primeiro livro), não por meio de uma antologia de obra reunida, mas por meio de poemas novos, livro de poesia incompleta. Neste trabalho apresentam-se análises das materialidades da autobiografia na poesia de Max Martins, particularmente da prática do arquivo na materialidade do livro 60/35. Na proposição deste trabalho, o processual e o aberto compõem um procedimento central na sua obra, elaboram uma ideia de poesia como arquivo do futuro.

Palavras-chave: Max Martins; Poesia Brasileira Contemporânea; Arquivo; Procedimento.

Nota biográfica

Doutoranda em Teoria e História Literária, pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP), sob orientação de Eduardo Sterzi, com bolsa pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); realiza estágio de doutorado na Universidade de Coimbra, Programa de doutoramento em Materialidades da Literatura, sob supervisão de Osvaldo Manuel Silvestre. Seus trabalhos de pesquisa têm se voltado às questões de poética, em especial às materialidades da poesia e aos estudos interartes, às relações entre poesia, diário e artes visuais. 

Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura 10ª edição (2020-2024)

Mafalda Lalanda

Um questionário sobre práticas de escuta de audiolivros

Nesta comunicação será apresentada uma proposta de questionário sobre práticas de escuta literária (de leitura aural) de audiolivros. A partir da participação dos presentes, procurar-se-ão validar e testar as perguntas e as opções de resposta que compõem o questionário, bem como o refletir sobre a amostragem e o público-alvo deste estudo de campo. Esta abordagem empírica pretende reverter-se na construção de uma teoria da escuta ou de leitura com o ouvido que beneficia de ser contextualizada na realidade tecnossocial envolvente.

Palavras-chave: audiolivros, práticas de escuta, leitura aural, questionário

Nota biográfica

Mafalda Lalanda (Coimbra, 1995) é doutoranda em Materialidades da Literatura na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). É investigadora do Centro de Literatura Portuguesa (CLP) e bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), com o projeto de investigação «A escuta como leitura aural: a medialidade literária do audiolivro» (2021-2025). É licenciada em Português (2016) pela mesma instituição e mestre em Edição de Texto (2018) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Atualmente marca presença em colóquios nacionais e internacionais, em cursos de formação e integra projetos de investigação baseados na experimentação artística.

Painel 2 (11:45-13:00)

Moderadora: Ana Marques (CLP, CECH)

Frederico Klumb

Jean-Luc Godard e Laura Erber entre óptico e háptico

Tendo em mente a discussão mais ampla apresentada em nosso primeiro capítulo, isto é, o problema do ocularcentrismo na modernidade examinado pelo prisma da fenomenologia, a comunicação propõe uma aproximação preliminar entre dois dos autores de que nos ocupamos, o cineasta Jean-Luc Godard e a escritora e artista visual brasileira Laura Erber. Começamos considerando algumas historiografias possíveis da obra audiovisual de Godard, examinamos a questão dos seus livros e em seguida tentamos articular seu trabalho com o de Erber através das tensões entre óptico e háptico que ambos demonstram e das experiências do olhar marcadas pelas ideias de sensualidade e corporalidade que criam.

Palavras-chave: poesia; cinema; visão; fenomenologia; intermidialidade

Nota biográfica

Escritor e pesquisador. Possui graduação em Cinema pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestrado em Teoria da Literatura pela Universidade Federal Fluminense, onde atualmente é doutorando em Literatura Comparada. Publicou, entre outros livros, Rua Maravilha Tristeza (conto; Jabuticaba; 2022), Bichos contra a vontade (poesia; 7Letras; 2019) e Cinema Circular (poesia; 7Letras; 2018).

Jaqueline Conte

Estudo de caso: as diferentes materialidades de “A grande história de um pequeno traço”

A forma de se contar uma história – e mesmo o seu conteúdo – pode mudar de acordo com a materialidade em que a literatura se insere. Cada mídia e cada suporte oferece diferentes recursos, linguagens e possibilidades de agregar camadas de leitura e de explorar a poética de uma narrativa literária. Isto fica muito claro no estudo de caso que apresentamos, que tem como objeto a narrativa “La grande histoire d’un petit trait”, criada pelo escritor e ilustrador francês, Serge Bloch. Analisamos três diferentes materialidades: o livro impresso, lançado em 2014 pela Les Éditions Sarbacane, a animação e o aplicativo produzidos em parceria pelas empresas Bachibouzouk, La Station Animation, Les Éditions Sarbacane e France Télévisions. A análise é feita à luz dos conceitos de remediação (Bolter; Grusin, 2000) e transmídia (Jenkins, 2008, 2007; Ryan, 2016; Gambarato, 2016), buscando pontuar aproximações e diferenças nas produções, levando-se em conta as características intrínsecas de cada mídia. 

Palavras-chave: materialidades da literatura, remediação, trasmediação, “La grande histoire d’un petit trait”

Nota biográfica

Jaqueline Conte é graduada em Comunicação Social – Jornalismo (UEL). Especialista em Fotografia (UEL), em Marketing e Publicidade (ISPG), em Economia Criativa e Colaborativa (ESPM) e em Produção e Gestão Editorial Multiplataforma (PUC-P). Em 2019, concluiu o Mestrado em Estudos de Linguagens (UTFPR), na área de Linguagem e Tecnologia (Estéticas Contemporâneas), com a dissertação O livro digital interativo para crianças: materialidade e evanescência, demanda e mercado – uma leitura a partir dos app-books vencedores do Prêmio Jabuti. É poeta e escritora infantojuvenil; autora dos livros: “Na casa amarela do vovô: e outros poemas para brincar”, “Passarinho às oito e pouco”, “Os jornais de Geraldine”, “Sonhos de uma noite de verão no zoo”, além do livro de poesia (adulto) “Céu a Pino”. É integrante do Coletivo Era Uma Vez, grupo colaborativo que reúne escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil de Curitiba (PR, Brasil) e do Leitura na Tela, grupo de pesquisadoras dedicadas ao estudo da literatura infantil digital.

Fonte: Estado da Arte: Tópicos de Investigação em Materialidades da Literatura 4
Feed: Materialidades da Literatura
Url: matlit.wordpress.com
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