Workshop em desenho etnográfico
Datas: 3 a 7 de setembro | dias úteis das 9h00 às 14h00
Docente Responsável: Sónia Vespeira de Almeida
Docentes: Daniela Rodrigues, Inês Belo Gomes e Tetyana Chkiria
Áreas: Sociedade, Ambiente e Território
Objetivos:
A 3ª edição do Workshop em Desenho Etnográfico visa explorar as potencialidades do desenho para a realização de uma antropologia gráfica – “anthropography” (Ingold 2011).
Os objetivos principais deste curso são:
- Enquadrar, com recurso a exemplos de trabalhos realizados, a utilização do desenho na história da Antropologia, nomeadamente a sua dupla utilização para registo de dados etnográficos e/ou para difundir conhecimento antropológico;
- Entender as capacidades heurísticas do desenho em contextos etnográficos, através da exploração de soluções gráficas de observação e descrição em diferentes contextos de análise.
Programa
Este workshop teórico-prático visa ensaiar cruzamentos possíveis entre desenho e antropologia, enquanto disciplinas do olhar.
Na história dos métodos do pensamento etnográfico, o desenho ocupou um lugar variável e intermitente. Nos últimos anos, porém, voltou a assumiu um certo destaque (Afonso 2004; Kuschnir, 2011; Cabau, 2016; Cabau; Almeida; Mapril, 2017). Este workshop enquadra-se neste regresso ao desenho, entendendo-o como uma ferramenta vocacionada para a observação do real.
Apesar deste movimento de retorno, atualmente o desenho etnográfico é praticamente inexistente dos currículos de estudos antropológicos (uma inspiradora exceção encontramos em Kuschnir 2014) e, talvez por isso, não está formalizado em termos estilo, metodológicos ou expositivos (Azevedo 2016). Enquanto no passado o desenho utilizado na pesquisa etnográfica parecia seguir certas tendências representacionais – como o desenho anatómico e o de cultura material, retirados de outras disciplinas como a botânica ou a arqueologia – a atual não normatização pode ser libertadora (Cabau 2016). Uma vez que não estão convencionados métodos para desenhar em antropologia, o método ideal poderá ser “o não método”, uma “prática intensiva sem outra fixação que não aquela que cada assunto exige” (idem 2016: 36-37).
Com este fio condutor, serão proporcionados espaços de reflexão teórico-prática através de um processo de “thinking through making” (Ingold 2011). Além dos métodos de observação e representação referidos para investigar a cultura material e elementos orgânicos, pretendemos explorar técnicas de registo gráfico de coisas, pessoas e outros seres vivos, bem como das relações que estes estabelecem entre si. Para tal, realizaremos exercícios de observação em três contextos distintos.