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Aranan | HH Magazine

Publicado em: Aranan | HH Magazine

 

Te vi no saguão

eras tu azul urano

sem lua e banhado de crua luz

y-lustrando meu amor estranho

ocupei-me em gorar o caos

em esmiuçar o solo ancestro de meus sonhos

pois havia, pois, a via

pois as aves são como eu e vão

à procura de onde pousar o coração moído de arranhos

os galhos nos pegam

e passam pelas xipupe[1]

atravessando como orações

as folhas de meu destino

de onde vejo saturno, de onde vejo o mundo,

onde vejo um jardim, canções

e vejo você, matu[2] aranan

corado no canto

sob o sol de outono

e como filho do céu

dou a meu voo alçado

um lar, aonde nasce a sua voz…

 

 

 


NOTAS

1 Do kwaytikindo, língua Puri, “pena”

2 “bonito”

 

 

 


Créditos na imagem: Reprodução. Gustav Klimt. Buchenhain (1902)

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Isaías dos Anjos Borja

Estudante do bacharelado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e de Conservação e Restauro pela Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP). É bolsista de Iniciação Científica no Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da UFOP, onde se gradua e pesquisa sobre a implementação do ensino de histórias e culturas indígenas nos cursos de formação superior em História das universidades públicas do Brasil, além de ter desenvolvido estudos a respeito da tese do “marco temporal” e suas implicações sobre Povos Indígenas em processo de etnogênese. É membro do projeto de extensão (Re)Pensa Humanidade (PROEX-UFOP). Se interessa também por temas referentes às relações entre História e Memória, relações étnico-raciais e Literatura Indígena Brasileira. É indígena do povo Puri, poeta e escritor de Alfredo, assinando também como Xipu.

Fonte: Aranan | HH Magazine
Feed: HH Magazine
Url: hhmagazine.com.br
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