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Limiares Homem/Animal na Literatura e na Cultura da Idade Média

Mosteiro de Tibães, Braga, 4-5 junho 2020

Durante séculos, uma corrente dominante no pensamento ocidental sedimentou uma tradição antropocêntrica. O mesmo é dizer um modo de perspetivar a realidade, com as suas crenças, normas, expectativas, etc., instituidora da autonomia do homem em relação à natureza. Como é, igualmente, sabido, esta corrente dominante não impediu (ou até, porventura, explica) a existência, em paralelo, de uma contracorrente: aquela pela qual, enfatizando-se o vivente sobre o logos e a ratio, o homem na natureza é pensado a partir do postulado de um mesmo e único solo ontológico. 

Na nossa contemporaneidade, pautada pela expansão radical da Razão tecnológica, por migrações, pela globalização, para não falar na quebra de consensos ético-morais, a crise ecológica, sem precedentes, agudizou, seguramente, a tomada de consciência da fragilidade do vivente e, por extensão, a nítida perceção da interdependência de todos os habitantes da Terra-Archè. Razão pela qual nas últimas décadas se tem assistido a uma notória ênfase dos estudos sobre animais e animalidade em diversas áreas. Nomeadamente no domínio dos estudos literários, particularmente abertos a conceitos e propostas de leituras provenientes dos animal studies e da zoopoética. Não é preciso dispor de especial clarividência crítica para se perceber o alcance heurístico e hermenêutico de repensar criticamente o statu quo ontológico, em sede de existentes textuais literários, participando no grande debate contemporâneo em torno da redefinição do humano.

Assim, o propósito do Colóquio consiste em convidar os investigadores em literatura medieval a revisitarem o seu objeto de estudo à luz da relação humano-animal, encarada menos como fronteira e descontinuidade do que como limiar e continuidade. Francisco de Assis, convirá recordar, proclamava a comunidade das criaturas e a irmandade das espécies. Sem dúvida a mais ilustre representante da contracorrente do pensamento ocidental na Idade Média, a mensagem franciscana, cuja atualidade se afigura premente, é poderosamente inspiradora de renovados enfoques da animalidade, incluindo a humana, na literatura e no imaginário medievais. É o caso, a título de exemplo, da alegorização antropomórfica dos animais nos bestiários, na heráldica, na astrologia, e das reconfigurações literárias destes simbolismos. Motivos e figuras como a caça (tipicamente centrada na perseguição da presa incapturável que atrai o caçador a um encontro erótico), o homem selvagem, a ondina, a mutação licantrópica, a zoofilia, configuram uma problemática dos limiares humano-animal que merece ser (re)examinada com atenção por várias disciplinas.

Convidamos os colegas medievalistas a vir debater este tema, onde se encontram e desencontram a sensibilidade medieval e a contemporânea, no magnífico e inspirador cenário do Mosteiro de São Martinho de Tibães.  

Aguardamos até ao dia 1 de novembro de 2019 as vossas propostas de comunicação, sob a forma de um resumo de 200-300 palavras, acompanhado de uma breve nota biobibliográfica, para o email spahlm2020@gmail.com     

Lembramos que as comunicações não ultrapassam os vinte minutos e que as línguas de trabalho são as línguas ibéricas, francês e inglês.

  • 1 de novembro: data limite para enviar as propostas de comunicação

  • 1 de dezembro: date limite para a resposta da Organização
  • 1 de fevereiro: data limite para inscrição no Colóquio
  • 1 março: comunicação do programa provisório
  • 1 de maio: comunicação do programa definitivo
  • 4-5 de junho: Colóquio

Sócio da AHLM, com apresentação de comunicação: 70,00 €uros

Participante sem comunicação (certificado de participação): 20,00 €uros

A inscrição e participação neste colóquio pressupõe a inscrição, como sócio/a, na AHLM. Ver instruções em http://www.ahlm.es/Contacto.htm.

O pagamento é feito por depósito ou transferência bancária para a seguinte

conta da Universidade do Minho:

IBAN: PT50003300004540431901205

Swift: BCOMPTPL

A inscrição só será considerada efetiva após a realização do pagamento. O comprovativo do pagamento deverá ser digitalizado e enviado à organização do colóquio, para o e-mail spahlm2020@gmail.com, acompanhado do nome, NIF e morada que deverão constar no recibo. O pagamento deverá ser efetuado até 1 de março. Após essa data, o valor sofrerá um acréscimo de 20%.

  • Aires Augusto Nascimento (Universidade de Lisboa, FL)
  • Ana Paiva Morais (Universidade Nova de Lisboa e IELT, FCSH)
  • Anna Bognolo (Università di Verona)
  • António Ponte (DRCN)
  • Carlos Alvar (Université de Genève)
  • Carlos Carreto (Universidade Nova de Lisboa, FCSH)
  • Carmen Elena A. Canto (Universidad Nacional Autónoma de México)
  • Cleofé Tato García (Universidade da Coruña)
  • Cristina Almeida Ribeiro (Universidade de Lisboa, FL)
  • Elvira Rebelo (DRCN/MSMT)
  • Gloria Chicote (Universidad Nacional de la Plata)
  • Harvey Sharrer (University of California Santa Barbara)
  • Isabel Barros Dias (Universidade Aberta e IELT, FCSH)
  • Isabella Tomassetti (Università di Roma, La Sapienza)
  • José Manuel Lucía Megías (Universidad Complutense de Madrid)
  • Margarida Esperança Pina (Universidade Nova de Lisboa e IELT, FCSH)
  • Margarida Santos Alpalhão (IELT, FCSH)
  • Maria João Branco (Universidade Nova de Lisboa e IEM, FCSH)
  • Maria Ana Ramos (Universitat Zurich)
  • Maria Lourdes Soriano Robles (Universitat de Barcelona)
  • Maria Luzdivina Cuesta Torre (Universidad de León)
  • Maria Rosário Aguilar Perdomo (Universidad Nacional de Colombia)
  • Mariña Arbor Aldea (Universidade de Santiago de Compostela)
  • Vicenç Beltran (Università di Roma, La Sapienza)
  • Cristina Álvares (UMinho/CEHUM)
  • Sérgio Sousa (UMinho/CEHUM)
  • Carla Pereira Dias (MSMT)
  • Ana Maria Pereira (CEHUM)
  • Paulo Martins (CEHUM)

Fonte: Limiares Homem/Animal na Literatura e na Cultura da Idade Média

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