«O Homem Novo, Entre a Luta e os Afectos» de Camilo de Sousa e Isabel Noronha
Resumo
Primeira Projeção do Filme Documentário «O Homem Novo, Entre a Luta e os Afectos» de Camilo de Sousa & Isabel Noronha (Moçambique e Portugal, 2019, 120 min) | Prod. MOCIK (Cineastas Moçambicanos Associados); MIDAS Filmes
“O Homem Novo, Entre a Luta e os Afectos” é um filme tecido de narrativas singulares, tão historicamente densas quanto humanamente profundas, onde o balanço de uma vida é também uma história tocante e universal do espelho de um homem no redemoinho da grande História do século XX.
Sinopse
O filme transita entre a história e a memória do período que vai do final da Luta de Libertação Nacional aos primeiros anos do pós-Independência em Moçambique.
A partir do exílio e vivendo uma situação-limite, Camilo de Sousa, um conhecido intelectual e cineasta moçambicano, decide romper o silêncio feito de antigas lealdades à causa da Independência, que durante quatro décadas pesou sobre as versões alternativas à História Oficial construída pelo partido FRELIMO. Camilo narra na primeira pessoa factos que viveu, em que participou, a que se opôs, que testemunhou.
Inicia então uma viagem de regresso ao seu país, em busca de antigos camaradas de luta com quem partilhou sonhos e afectos maiores que o movimento. Vai então em busca de antigos camaradas de luta que o receberam e integraram quer no processo da guerrilha e com quem partilhou sonhos e afectos maiores que o movimento. Reencontra então Caindi, Lúcia e Papalo, camaradas que o receberam e integraram quer no processo da guerrilha, quer no seio da etnia makonde, a que a maior parte dos antigos combatentes da Frelimo pertence. Juntos revivem, discutem, 40 anos depois, episódios de uma difícil luta pela Independência e construção do País, aprofundando a estreita relação de amizade que os une desde essa época, a despeito dos graves conflitos gerados no quotidiano do processo revolucionário que põem à prova, por vezes de forma extrema, estes afectos.
A história da construção de um País, narrada por estes três personagens na primeira pessoa, é um balanço de sonhos, ilusões e desilusões de uma geração que, um pouco por todo o mundo, mas particularmente em África, se libertava das potências coloniais. Cada uma das trajectórias, que neste filme se cruzam de uma forma tão bela quanto dramática, revela tanto os contornos desse sonho de um país novo, como os primeiros embates com a realidade o conflito com uma ideologia que queria – muitas vezes à força – fazer de cada moçambicano um ‘homem novo’.
Debate após a projeção com:
Camilo de Sousa (Realizador e Ator principal)
Isabel Noronha (Realizadora)
Moderação: Luís Bernardo (Centro de Estudos Sociais)
Atividade no âmbito do projeto BLEND – Desejo, Miscigenação e Violência: o presente e o passado da Guerra Colonial Portuguesa (ref.ª PTDC/IVCANT/6100/2014), com o apoio da Fundação Ciência e Tecnologia.
Fonte: «O Homem Novo, Entre a Luta e os Afectos» de Camilo de Sousa e Isabel Noronha