Prémio Mário Quartin Graça 2018, na categoria de Ciências Sociais e Humanas, é atribuído a tese desenvolvida nas Materialidades da Literatura

A tese «Ruy Belo e o Modernismo Brasileiro. Poesia, Espólio», de Manaíra Aires Athayde, recebeu o Prémio Mário Quartin Graça 2018 nesta última terça-feira, 18 de dezembro, em Lisboa, na categoria de melhor tese em Ciências Sociais e Humanas.
Manaíra Aires Athayde sublinhou, em seu discurso de agradecimento, a importância de projetos que estabeleçam aproximações, conexões, solidariedades entre culturas.
O Júri destacou que o trabalho, desenvolvido no doutoramento em Materialidades da Literatura, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, “merece plenamente o prémio concedido pela Casa da América Latina e pelo Banco Santander Totta por quatro principais motivos: é um estudo de grande fôlego sobre um dos maiores poetas portugueses do século XX; assenta numa investigação de elevada qualidade e de grande atualidade literária; dá a conhecer o riquíssimo espólio de Ruy Belo; e, finalmente, porque dedica boa parte de sua análise ao modo como a obra de Ruy Belo dialogou com uma série de poetas modernistas sul-americanos, enquadrando-se, por isso mesmo, no espírito do prémio, que distingue os trabalhos académicos que contribuem para o relacionamento entre Portugal e a América Latina”, nas palavras registadas na acta lida por Manuela Júdice, Secretária-Geral da Casa da América Latina, na cerimónia de premiação.
A tese vencedora na categoria de Ciências Sociais e Humanas resultou de cinco anos de investigação na casa-espólio do poeta Ruy Belo.
Trata-se de um prémio que visa precisamente estimular a formação de investigadores latino-americanos e portugueses em temas de interesse mútuo para Portugal e a América Latina. Neste sentido, o júri ainda ressalta: “a tese de Manaíra Aires Athayde é um estudo de grande qualidade, que através de uma análise minuciosa e profunda consegue identificar os autores do modernismo brasileiro que o poeta português leu e o modo como os acolheu na sua escrita”. E completa: “Assim, nesta tese, a poesia de Ruy Belo é lida em articulação com as obras de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Jorge de Lima, sobressaindo a sua forte ligação com o labor poético de Manuel Bandeira”.
Além das Ciências Sociais e Humanas, outras duas categorias também foram contempladas: Ciências Económicas e Empresariais, na qual venceu a tese «Price and wages rigidities: macroeconomic evidence», de Fernando M. Martins, realizada no Instituto Superior de Economia e Gestão; e Tecnologias e Ciências Naturais, que teve como vencedor o trabalho «Integração de caracterização de reservatórios com ajuste de histórico baseado em poços piloto: aplicação ao campo Norne», de Gil Correia, desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas. O Júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa à tese «O Fio de Ariadne: Desilusão e Sensibilidade Política em Os Maias, de Eça de Queiroz», de Virgílio Coelho, concluída na Universidade Federal de Minas Gerais.
Esta é a 9º edição do Prémio Mário Quartin Graça, que atingiu o número mais elevado de inscrições este ano, com 119 candidaturas, provenientes de Portugal, Brasil, México, Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, Honduras e Peru. Cada um dos três vencedores das respetivas categorias recebe uma quantia de 5.000 euros.