A sociedade tem interesse na Biblioteconomia e Ciência da Informação? – Bibliotecários Sem Fronteiras
Em tempos de crise de confiança na ciência, a divulgação científica é a chave para conectar a população aos estudos desenvolvidos em universidades, laboratórios e centros de pesquisa do país.
A pesquisa “Wellcome Global Monitor 2018”, levantamento realizado pelo fundo britânico Wellcome em parceria com a Gallup, que envolveu 140 mil pessoas em 144 países, mostrou que 35% dos brasileiros desconfiam da ciência e que um em cada quatro acredita que a produção científica não contribui para o país.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, coordenado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro também divulgou recente estudo de percepção pública da ciência no qual 71% dos 2,2 mil jovens entrevistados concordaram com a afirmação de que o conhecimento confere poderes que tornam os cientistas perigosos. Que medo é esse da ciência? Ou será apenas medo do desconhecido?
Daí a importância fundamental da divulgação científica ao disseminar o trabalho dos pesquisadores e dos resultados das suas pesquisas. Talvez a sociedade mais consciente do trabalho dos cientistas perceba melhor o papel da ciência no desenvolvimento social e econômico do país.
Mas toda e qualquer pesquisa pode ser divulgada para a sociedade? As pesquisas nas áreas de Saúde, Ciências Biológicas e Ciências Naturais certamente são mais acessíveis, dada a relação automática que as pessoas fazem dessas áreas com a ciência. Uma pesquisa sobre questões de saúde feminina impacta diretamente na vida de grande parcela da sociedade, o que gera um maior interesse social.
E na área da Biblioteconomia? Como divulgar as pesquisas em uma área que as pessoas nem conseguem pronunciar o nome? Esta é uma pergunta muito pertinente, afinal qual o bibliotecário ou pesquisador da área que nunca escutou a indagação cheia de espanto: “Biblio o quê?”
A boa notícia é que na pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, 70% jovens afirmaram ter interesse em ciência e tecnologia, superando o interesse em esporte e religião. Mesmo que haja um interesse maior nas áreas do “núcleo duro” da ciência, podemos pegar uma carona no entusiasmo desses jovens pela ciência e criar caminhos e pontes para alcança-los.
O mesmo estudo revela ainda que a informação deixa de ser “buscada” e passa a ser “encontrada”, além dos jovens reclamarem da dificuldade em identificar o que é verdadeiro nas informações que circulam tanto na grande mídia como na internet. E isso é uma ótima noticia, pois corrobora com a ideia que a informação está no centro das demandas da sociedade. E quem mais do que bibliotecários e pesquisadores em Ciência da Informação entende sobre esse assunto?
No esforço de refletir sobre divulgação científica em Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), estou iniciando uma série de postagens no BSF que é um espaço de trocas de ideias entre estudantes, profissionais e pesquisadores da área.
Os trabalhos divulgados são essencialmente de artigos publicados em revistas brasileiras de BCI e o critério de escolha seguiu questões relacionadas ao tema e assunto que abordam e/ou apelo social, conforme orientações do Projeto “Monitoramento de Métricas Alternativas e Atenção Online de Artigos de Periódicos da Ciência da Informação” da qual sou bolsista de iniciação científica do CNPq sob coordenação do Professor Ronaldo Araújo (UFAL).
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